Todos os escritores que ocuparem-se em temas eróticos ou sombrios viveram de uma certa forma suas experiências pessoas com a mesma intensidade com que escreveram e criaram os personagens desta forma numa complexa fusão, as vidas destes homens confundem-se com suas obras. O genial Donatiem Alphonse François, mais conhecido como Marques de Sade, não fugiu a regra a sua vida pessoal foi tão intensa quanto a de seus personagens.
Este aristocrata francês nasceu no ano de 1740 e sua juventude gloriosa foi sempre envolta de jovens fogosas, ou mesmo metido dentro de bordeis e prostíbulos do lixo e do luxo onde o sexo é devasso corria solto com os requintes apropriados!
Contam os seus biografos e estudioso do assunto que o libertino passava dias metidos nestes antros de luxuria e perdição onde sempre duas, três ou o número razoável de mulheres compartilhavam com ele de deliciosas orgias onde uma completa libertinagem, sexo e até violência eram praticadas de acordo com o preço a ser pago pelos requintes e fantasias do ilustre francês.
A exaltação à sodomia propriamente dita como o prazer dos prazeres, compunha um dos deleites mais preferidos do escritor, oras sodomizando suas parceiras de prazer que eram varias e ao mesmo tempo deixando-se sodomizar por falos artificias amarrados nos ventres destas mundanas. Tudo mergulhava numa orgia grupal onde as mais ousadas praticas, ganhavam a dimensão e a loucura de um êxtase Dionísio!
Gostava muito de espancar e chicotear as mulheres, as prostitutas propriamente citadas e isto acabou-lhe custando processos e queixas a justiça e até mandatos de prisão! Ele parecia seguir a risca um conselho de um escritor português chamado Forjas de Sampaio que a mais de 100 anos a frente, em 1905 ele escrevia suas “Palavras Cínicas” e aconselha os homens de um segredo já muito praticado pelo Marques: “ Para se amado pelas mulheres é preciso espanca-las!”
Segundo o próprio Marques de Sade o homem deve assumir seus instintos e deixar seu lado natural fluir, porem um conselho do sábio mestre deve se fazer valer ao tomar cuidado para que toda suas praticas desta natureza não venham a publico, a curiosos a amigos e vizinhos.
O homem é um animal como qualquer outro e sua única diferença é seu intelecto que deu uma forma significativa, lhe deu o privilegio do espaço da vida criando para ser civilização, mas não pode este mesmo homem perder de vista seus instintos animalescos e pelo contrario deve sim extrair o máximo de prazer de toda sua selvageria, os instintos primitivos devem ser exaltados e só assim o homem realiza-se fisicamente e espiritualmente misturando prazer e dor.
Neste jogo de crueldade e sexo as fortes sensações ganham de tudo que há convencional, seu casamento que no fundo é uma prostituição legalizada onde o homem vê suas redias puxadas e sua vida devassa reprimida reduzida a um coito convencional,”cumprimento do dever conjugal” como escreveu Rimbaud, para Sade esta instituição esta condenada a falência pelos séculos vindouros.
A humanidade moral cristã pratica o sexo em silêncio em seus lares privados, cada mulher jovem ou adulta que passa bem discretamente ao nossos olhos, a noite com seus emporcalhados maridos ou amantes assumem sua verdadeira condição no mundo como verdadeira prostituta desejada, esta visão transgressora ganha nas obras do Marques um traço de filosofia pura e ele leva para o campo das reflexões toda a sujeira e putaria do ponto de vista moral.
Para Sade o primeiro passo para a evolução espiritual e rechaçar a crença no Deus hebreu e cristão
pois eles carregam toda ignorância e vícios e traços do povo que os inventaram, renegar esta moral maldita infame que já dura mais de 2000 anos!
Sade é um anti-cristo convicto fiel e radical para ele o homem deve se livrar do amor, não se enamorar de ninguém em seu lugar o prazer ganhara espaço suficiente, não mendigar jamais um beijo a uma mulher, mas se puder profanar, seduzir, enganar, ousar e por fim conquistar e tomar no uso da força se for preciso usando a violência, quanto mais forte e selvagem for um homem maior também será o número de femeas a seu dispor pois a natureza da vitoria aos mais ousados!
A mesma opinão compartilhou mais tarde Schopenhauer na sua obra “meta-física do amor e amor a mulher e a morte” este é um misto confuso de uma eterna luta, brutal por prazer e satisfação, a dor
é o ingrediente apimentado do prazer, a prolongação de uma nova sensação onde métodos como bater, arranhar, morder, dar tapas e chicotear completam o cenário que leva ao êxtase.
Os cristãos condenaram-no, fugiram dele e como moleirões que são fogem do francês anti-cristo que é mais cruel que o aço de guilhotina, assim em poucas palavras ele fulmina com os cristãos sem muitos argumentos, mas apenas minando os alicerces desta religião que mais sangue derramou em toda a história.
A filosofia e a literatura do mestre exalta de forma inteligente a libertinagem assim como Alfred Musset exaltou “Gamiame” a libertinagem propriamente dita como movimento artístico nasce no renascimento europeu e resgatou valores humanos e exaltou o corpo como templo de Eros, os primeiros desenhos e ilustrações pornográficas circularam pela Europa de forma clandestina mas passaram a ser bem populares assim como são hoje em dia revistas e filmes pornográficos as pessoas fazem vista grossa, escondem, disfarçam, negam o prazer mas todo mundo gosta e tem curiosidade de ver um filme ou desfolhar um revista do gênero. Esta é arte dos mais canalhas e dos mais espertos que levantam milhões e ainda ficam com todos os tipos de mulheres, sendo as mais belas e sonhadas por todos, tudo isso tem uma raiz na filosofia do Marques de Sade.
A pornográfica possui uma filosofia pra fora, afronta a moral e média distância do desejo e da realização do prazer do corpo sem nenhum tabu ou pecado, é o verdadeiro caminho do paraíso ...
Nas obras do Marques de Sade ele rompe com a religião e o amor, destaco aqui algumas de suas obras como os “ Crimes de amor”, “Justine”, “Os infortúnios da virtude”, “Filosofia de alcova”, e “Os 120 dias de Sodoma”, obras que foram proibidas mais de 150 anos, sendo que circularam por Paris clandestinamente, seu escritor penou por mais de 17 anos em presídios e manicongos e foi proibido de expressar, de falar de escrever, foi torturado e amordaçado! Sendo ele o rei da tortura na literatura seu nome originou a palavra sadismo tornando-se um gigante pernicioso e cruel, acadêmico por excelência e mostrou de forma elegante como é gratificante praticar a arte de amar e de odiar, seus escritos são para os fortes, para os que conhecem as coisas boas da vida ele é genial demais para repetir tudo que os outros já haviam escrito. Sade viu de perto muitos sifilíticos enlouquecidos no sanatório e isso também se enquadrou na visão do mestre como forma de critica contra a sociedade , a religião crista jamais foi poupada nas obras de Sade: `` a ideia de Deus e o único erro pelo qual eu não posso perdoar a humanidade...” ele expressou claramente sua repugnância sobre o cristianismo como fez Nietzche, desmascarou os líderes da igreja e profanou o que os cristãos chamam de sagrado.
Não há gratidão na natureza, generosidade ou troca, o prazer individual egoísta consome-se por si mesmo num epicurismo radical.
Ele ficou proibido de escrever, tiraram-lhe papel e tinta, mas ele usou seu próprio sangue para tinta e um osso de frango virou ponta de caneta, em Bastilha foi um preso famoso e lá ele lia muito autores como Voltaire, Maqueavel, Montesqueur entre outros.
Cada livros seu publicado se tornou um escândalo publico em Paris e horrorizados trataram de banir e proibir seus livros, hoje é tão celebre e popular como Heine, Sofocles, Dante, Byron entre outros, suas obras contribuíram para tudo que importante no nosso tempo e a sociedade lhe deve culto, pois todo mundo no fundo adora filmes pornográficos usam roupas de couro, apetrechos sado-masoquistas, fetiches, padrinhos, fotos eróticas e sensuais, movimentos de periferias como o punk e o heave metal, cintos com rebites, botas, filmes de terror, quase tudo isso tem origem nos princípios do senhor Marques de Sade. Ele fecha seu discurso avassalador e provoca todos de forma cínica e inteligente “ Imperioso, colérico, irascível, extremo em tudo com uma imaginação libertina jamais vista, ateísta a ponto do fanatismo aqui você me tem em poucas palavras, me aceite como sou pois nunca mudarei...